terça-feira, 30 de abril de 2013

Deixar o melhor para o fim

Sempre fui pessoa de deixar o melhor. Na comida, como o que não gosto primeiro e o que mais aprecio deixo para o fim. A limpar a casa, limpo primeiro o que me dá mais trabalho e deixo para o fim o que me dá mais prazer. No trabalho, faço primeiro o que menos me apetece e deixo para o fim o que sei que vou fazer com uma perna às costas.
Quando fiz um curso de escrita, o meu professor dizia sempre, "o seu melhor parágrafo é o último. Escreva tudo, e depois passe o último parágrafo para o início".
Este tema vem a propósito de um paper que submeti no domingo a um concurso.  Escrevi-o e como a minha orientadora não estava cá dei ao meu namorado para reler. Ontem a minha orientadora voltou e, apesar de já o ter submetido, enviei-o para ela dar uma olhadela, e o que é que recebi como resposta no e-mail?  "teria começado pelo fim". 
Fiquei furiosa, furiosa porque já sabia que este é um defeito meu, já sabia como o resolver e mesmo assim esqueci-me!
Estou capaz de escrever na parede em frente ao computador "Puxa o último parágrafo para o início!" a ver se nunca mais me esqueço.  

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Darwin's

Fui almoçar ao Darwin's.
Já lá tinha ido no ano passado, comi folhado de vitela com cogumelos secos e salada e detestei! O folhado estava mole, a carne parecia papa de carne e o sabor era simplesmente horrível. Almoçamos na esplanada, e o que valeu foi mesmo o sitio que é para lá de bonito, o sol, e o atendimento personalizado e rápido.
Ontem decidimos lá voltar. A tia e uma das irmãs do meu namorado iam cá estar por meia dúzia de horas e combinamos almoçar com elas.
Quando ele me disse "Vamos ao Darwin's" torci o nariz, mas depois decidi dar uma segunda hipótese ao sítio.
A tia do meu namorado tem dificuldade em andar, a irmã adora lugares giros, ele é louco por restaurantes à beira mar, alem disto, o restaurante é calmo, e não havia o perigo de levar com aquelas famílias barulhentas que nascem que nem cogumelos nos restaurantes aos almoços de domingo.
Desta vez ficamos no interior, estava ventoso para a esplanada. Pedi spaghetti preto com frango, camarão, tomate cherry e coentros, o meu namorado e a irmã pediram risotto e a tia polvo. Assim que meti a primeira garfada na boca retirei logo tudo o que havia dito sobre o restaurante. A minha massa estava espectacular! O risotto deles delicioso e o polvo da tia com um aspecto divinal. Almoçamos muito bem. O serviço continua excelente, rápido e atencioso ao detalhe.
Ainda estive tentada a pedir sobremesa, mas como mais ninguém queria deixei-me ficar pelo café.
(quero um papel de parede igual a este painel para a minha sala)
(borboletas, borboletas, o que eu adoro borboletas) 


Esta miúda mata-me!

M, afilhada da minha mãe, para a minha mãe e para a minha tia:
M: Sabes, a Raquel (educadora) disse que os manos são os nossos melhores amigos, não vale, puxar o cabelo, bater ou dar pontapés.
Tia: Então vou dizer à Raquel que tu bates na tua irmã (true story)
Afilhada: Ah! A Raquel disse que queixinhas é feio!

domingo, 28 de abril de 2013

Tudo a Nu

'Não há grades, não há alarme, deviam ser processados por incitamento!'
Taras e manias dos atores, os stresses no camarim, o produtor que dorme com todas, a atriz que não se adapta à cena, o ator que vive agarrado à garrafa, a diva, o teatro dentro do teatro. Que barrigada de riso!
Estou bem capaz de dizer que foram as duas melhores horas do meu dia, e talvez da minha semana. Ri tanto, mas tanto, que dei comigo escarrapachada na cadeira e com dores de barriga.
Valeu bem a pena ter saído de casa e ter tolerado os atrasos e o telemóvel do meu vizinho de cadeira que teimava em não se calar.
A Inês Castel-Branco alem de ter um corpalhaço, faz um papelão digno de destaque, e o Rui Sérgio é simplesmente fenomenal.
Espero que volte à cena lá mais para o fim do ano para poder voltar a vê-la, e que faça um périplo pelo país, porque a cultura não deve ficar circunscrita à capital.

Do teatro

Adoro teatro, adoro mesmo. Quando era pequena fazia montes de teatros na casa da AR, com direito a roupas improvisadas com lençóis e à avó da AR na plateia a aplaudir. Fazia-os também em casa para a minha avó e para a minha tia. Imitava as vizinhas, as colegas da escola, as amigas da minha mãe, as pessoas que iam à televisão, imitava tudo e todos. Apanhava-lhes os tiques e depois era ver a minha tia e a minha avó a gargalhar até lhes doer a barriga, ou até me faltar o folgo e a imaginação para continuar.
Com a idade, passei a ir ao teatro, ao teatro de verdade, àquele com peças encenadas, com atores de carne e osso, com palco e com cortina vermelha. Lembro-me de ir com a minha mãe, sempre, e quase sempre com uma amiga dela, a B.
Ir ao teatro era um ritual, ver o cartaz, falar à B se quereria ir, passar na bilheteira um dia antes a comprar os bilhetes, escolher o lugar, escolher a roupa, um vestido bonito ou uma camisa de seda, os sapatos de salto mas não muito alto, a mala  pequena onde só coubesse o bilhete, o telemóvel,  algum dinheiro e o BI, e por fim vestir, maquilhar e sair de casa 30 minutos antes do inicio da peça. Percorrer a rua de casa até ao teatro a pé, encontrar a B a meio caminho e, 10 minutos antes da peça começar lá estávamos nos sentadas, telemóvel no silêncio, prontas para o espectáculo. Durante o espectáculo não se falava, não saiamos para chichis nem adormecíamos, por mais aborrecida que pudesse ser a peça. No fim, aplaudíamos os artistas, quase sempre de pé, saímos e íamos tomar um copo.
Sexta fui ao teatro, à Malaposta ver Tudo a Nu que começava às 21h30. Fui sozinha. Estava chateada com a vida e como queria muito ver a peça decidi ir curar a neura para o teatro.
Telefonei durante a tarde a reservar bilhete, "Ah, estamos cheios!", "Mas é só uma pessoa...", "Só uma?! Então arranjo-lhe aqui um lugarzinho!".
Acabei de limpar a casa, arranjei-me e sai a tempo de conseguir estar na bilheteira meia hora antes do espectáculo começar. Comprei os bilhetes, fui à cafetaria tomar um café e comer um pastel de nata, troquei umas mensagens com uma amiga que ia de viagem, fui à casa de banho e às 21h25 estava dentro do teatro sentada pronta para o espectáculo começar.
21h30, 21h35, 21h40, 21h45 e as portas continuavam abertas as pessoas a entrar sala a dentro. Eu já a bufar por todo o lado (Sou atrasada por natureza no meu dia a dia, mas quando sei que da minha pontualidade dependem outras pessoas, pura e simplesmente chego a horas, ou até antes).
21h50, fecham-se as portas, pede-se que desliguem os telemóveis, sobe a cortina e começa a peça. Um minuto depois começa a tocar o telemóvel do senhor sentado à minha direita e o senhor a fazer-se de morto. A pessoa que estava atrás pede-lhe para o desligar, ele diz que não é o dele e olha para mim, eu tiro o meu da mala e mostro-lhe o ecrã preto, ele vira-se para o outro lado, a outra senhora mostra-lhe o telemóvel também com o ecrã preto, ele finge-se de morto, o telemóvel continuava a tocar no BOLSO DELE, mas naquela cabeça até poderia ser o telemóvel do Papa em Roma, no dele é que não. Às tantas mete a mão ao bolso e, txaran, a luz do ecrã a piscar. Desligou-o e continuo a olhar para o palco. Nem um "desculpe aí" nem nada.
Intervalo e o povo vai em debandada para a rua. Cafés, chichis, cigarros, e os 15 minutos de intervalo só não chegaram a meia hora muito por culpa do frio que se fazia sentir na rua.
A meio da segunda parte, uma senhora decide sair e depois voltou a entrar (provavelmente foi fazer o chichizinho que na quase meia hora antes não teve tempo de fazer).
A cortina caiu, aplaudiu-se de pé os atores e voltei para casa.
Senti falta do ir tomar um copo a seguir. Senti sobretudo falta que este pessoas que partilharam aquelas duas horas de espectáculo comigo não tivessem uma mãe como a minha, e não conseguissem perceber que há uma coisa chamada respeito pelos outros.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Tás cá com um pestanão!

Na minha casa as pestanas sempre foram um fetiche. Ainda recém nascida a minha mãe cortou-mas curtinhas, com uma tesoura de pontas redondas, para que crescessem mais fortes. E cresceram, forte, e grandes, mas louras e espetadas para a frente. 
Com o passar dos anos fui vendo a minha mãe tratar dos olhos como quem trata de um filho bebé. Ela podia sair de casa de chinelos e calções sujos, mas os olhos, esses iam sempre pintados. E a pintura não era por aí além, era passar rimel, pôr risco por dentro do olho e toca a andar. 
Infelizmente, Deus não a abençoou com umas pestanas como as minhas, e a minha avó tinha demasiada roupa para lavar, marido para aturar e filhos para cuidar, pelo que não se sentou uma tarde, pegou numa tesoura de pontas redondas e aparou-lhe as pestanas. As pestanas da minha mãe, alem de mínimas  são fracas e claras, parecem as pestanas de um cão.
Há cerca de 10 anos, quando apareceram as primeiras permanentes de pestanas, a minha mãe foi a correr fazer uma. Na altura gostou do resultado, mas como pagou um balúrdio nunca mais voltou a fazer, até que, em Dezembro do ano passado abriu um centro de estética 'lácostxe', por baixo do meu prédio, onde fazem permanentes de pestanas por 15€. Em Março, quando a minha mãe me veio visitar disse-lhe para experimentar e, depois de muito "aí e se os produtos não são bons?", "isso é muito barato, cá para mim está tudo fora de prazo", "ainda saio de lá com uma inflamação!" lá cedeu e marcou. No dia da marcação fui com ela, e estive o tempo todo colada à técnica a ver o que fazia, como fazia e a fazer mil perguntas. 1h20 depois o resultado era para cima de espectacular. As mini pestanas da minha mãe transformaram-se nuns pestanões grandes, fortes, pretos e espetados para cima. 
Hoje, aproveitando que me tinham sobrado uns trocos, fui fazer a minha permanente de pestanas, e deixo um baixo uma foto para comprovarem o pestanão. 
(pós permanente, sem rimel) 

Factos: 
|| um rimel custa entre 10€ e 25€ dura 2/3 meses. Além de o termos de colocar todos os dias, várias vezes ao dia, se chorarmos ou esfregarmos os olhos ficamos todas esborratadas;
|| permanente de pestanas custa 15€ dura 2/3 meses, não temos de nos preocupar em pôr todos os dias e em retocar  podemos chorar e esfregar os olhos à vontade porque não esborrata nada.