domingo, 13 de outubro de 2013

Do trabalho novo

Apesar de já lá estar há mais de um mês ainda não escrevi nem falei muito sobre o novo trabalho. Só para perceberem o estado das coisas, arrisco até a dizer que mais de metade dos meus amigos ainda acho que eu estou desempregada. Não tive tempo de contar a todos, não alterei o estado no facebook (só o farei depois de dar a boa nova a todos, ou pelo menos aos mais importantes) e não permiti que mamãe espalhasse aos 7 ventos aka as suas amigas venenosas e invejosas.
Não o fiz por variadíssimas razões, a primeira de todas é porque acredito naquelas coisas da inveja e do mau olhado (shame on me), outra muito importante é que, enquanto desempregada percebi quem são realmente os amigos e quem se relacionava comigo apenas por conveniência e a terceira é que adorei estar desempregada, foi um dos melhores períodos da minha vida, depois de acabar a faculdade e começar a trabalhar. Um dia escrevo sobre isto, e sobre o "o dinheiro não é tudo!" que a minha querida Professora FM tanto nos dizia e que fez todo o sentido depois de começar a trabalhar no gueto que era o meu ex trabalho.
Como isto aqui é uma espécie de refugiu onde ninguém me conhece (à excepção da Mari) posso falar e desabafar à vontade até porque aquele trabalho dá muito pano para mangas, neste caso, posts.
Então, esta proposta de emprego e a minha entrevista foi assim a coisa mais surreal que me aconteceu, mas isso é tão mas tão grande, cómico e estúpido que fica para outras núpcias.
Como já havia dito aqui  somos uma equipa muito muito pequena, constituída só por homens, eu e uma colega com 40 e muitos anos.
Na semana passada o chefinho fez a sua reunião quinzenal com os comerciais e fomos todos almoçar. Eu, o chefinho e mais 3 comerciais, num restaurante/cantina/tasca no complexo industrial onde fica o nosso escritório. Ora, o complexo industrial é composto por centenas de homens, e 10 mulheres, eu, a minha colega (que está em casa de baixa), as 3 cozinheiras, 4 raparigas que trabalham numa fabrica e 1 empresária que tem lá um negócio com o seu marido.
Quando dei por mim estava no tasco, numa mesa corrida, com mais 34 homens (sim, dei-me ao trabalho de os contar a todos)  que falavam mal, arrotavam, mandavam caralhadas, comiam de boca aberta, e, txaran... faziam bolinhas de pão e jogavam uns para os outros. Eu, Princesa Maria, de salto alto, maquilhagem em riste e vestidinho.
Entrei camuflada por entre os meus colegas e sentei-me num cantinho em frente ao chefinho. A conversa desenrolou-se à volta de bola e gajas "boas" e eu ali, a fingir que estava a ver qualquer coisa muito importante no telemóvel e sorrir de vez em quando. Quando veio a comida lembraram-se da minha existência e "Passa a salada aí para a menina que elas é que gostam de saladas".
Juro-vos, não sabia se ria, se chorava. Todo um mundo novo, todo um mundo trolha, todo um mundo estranho, barulhento e surreal, e eu ali, montada nos meus saltos, de sorriso na cara e genuinamente feliz.

4 comentários:

  1. No meu escritório é precisamente o contrário. Um senhor já de idade, estafeta, que é o único homem no meio do mulherio! Às vezes a conversa descamba e nem nos lembramos que ele lá está. Ouve cada barbaridade! :D

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    1. No way! Eu se puder nunca mais volto a trabalhar num sitio só de mulheres ou maioritariamente de mulheres! Não mesmo! Prefiro as asneiras dos homens ao cinismo de muita mulher junta. :D

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  2. ahahah
    que máximo! os nossos almoços de aqui são mais refinados, de facto, mas olha que a nível de sinceridade e gente genuína... aí ganham com certeza!

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    1. Ai! Não tenho saudades dos almoços dai. Daqueles em que ninguém gosta de ninguém mas que toda a gente vai e finge ser amiguinho. Aqui pelo menos se não gostam mandam logo aquele sitio :D

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